Olá amigos! Estou feliz que estejam gostando do blog isso me motiva a continuar.
Contudo, antes que os mitólogos, historiadores e amantes da cultura Pré-colombiana me crucifiquem pela frase de efeito que utilizei na postagem anterior, vou me explicar.
Na realidade, o culto a Quetzalcoatl não se estendia até a América do Sul, isso é amplamente discutível, alguns apontam que poderia ter chego até a região em que vivia o povo Arawak (extremo norte do nosso subcontinente), mas isso ainda não é totalmente comprovado. Quando me referi ao Peru, e, portanto, a zona de influência dos povos andinos, estou fazendo referencia a um outro Deus, muito antigo, e venerado naquela região por muito tempo, cuja história se assemelha muito ao do Deus Tolteca. Estou me referindo a Wiracocha, o deus andino que segundo as tradições, teria criado os homens, lhe ensinado a agricultura e depois partido prometendo um dia voltar. Ainda que não sejam considerados o mesmo Deus, os dois guardam essa semelhança e poderiam ser variações de um culto mais ancestral, portanto para que não se deixem mal entendidos. Apesar das semelhanças Wiracocha (De quem falarei numa postagem futura) e Quetzalcoatl são dois deuses de culturas distintas (Como Odin e Zeus por exemplo).
Agora vamos ao que interessa!
Como na maioria das religiões pagãs muito afora a origem dos Deuses varia muito de lugar para lugar, região para região de acordo com a amplitude territorial que seu culto se estabelece. No que hoje é o México e parte da Amércia Central (Guatemala e Honduras) não foi diferente. A data em que a região começou a ser ocupada ainda é tema de acalorados debates na academia científica. Mas, seguramente pode se afirmar, que uma das primeiras culturas a se estabelecerem na região foi a dos Olmecas, a base do que passaria muitos anos após ser a cultura identificada como Meso Americana, comumente associada aos derradeiros detentores de suas tradições: Maias e Astecas.
Pretendo num futuro próximo discorrer melhor sobre esses povos e o avanço dessa cultura que para nós chega distorcia e muitas vezes de forma preconceituosa, sempre atrelada a sua forma mais chocante para nossa sociedade, a questão dos sacrifícios humanos e principalmente as grandes pirâmides que restaram de sua civilizações. Hoje, contudo quero lhes apresentar o outro lado dessa cultura, que raramente, por motivos provavelmente óbvios sempre é negligenciada.
Existe um lugar fantástico no México, que poderia seguramente ser considerado a "Jerusalém" dos povos que habitavam a região. O nome desse lugar é Teotihuacan. Trata-se de um centro cerimonial com dezenas de templos menores e três monumentais piramides sendo elas identificadas como Pirâmide do Sol, Pirâmide da Lua e templo de Quetzalcoatl. O povo de Teotihuacan em seu apogeu tinha como divindade principal o culto a Quetzalcoatl, contudo, politeístas eles adoravam muitos outros deuses. Teotihuacan em seus tempos de glória dominou todo a região, hoje inclusive aponta-se que o declínio da civilização Maia Clássica (aproximadamente por volta de 900 a.C a 900 d.C), pode ter sido por conta desse poder crescente da poderosa cultura do Norte, que desequilibrou o delicado poder que existia entre as cidades estado Maias (As principais Calakmul e Tikal), pois recentemente encontrou-se em uma tumba na cidade de Calakmul, um mural em que o filho de um chefe conhecido de Teotihuacan figura entre os líderes da cidade.
Enfim, Teotihuacan detinha um grande poder, mas foi obliterada por volta de 800 d.C. com a chegada de um novo povo vindo do norte, os Toltecas. Esse povo, falante da lingua nahua, provavelmente conquistou a grandiosa cidade e depois fundou uma capital chamada Tula. Contudo, como aconteceu com os "bárbaros germânicos" na Europa, com os mongóis na Ásia ou ainda com os árabes na persia os Toltecas assimilaram muito da cultura "superior" que Teotihuacan deixaram e continuaram seu legado, adorando aquele estranho Deus, que não exigia sacrifícios e provavelmente contribuiram para aumentar ainda mais o panteão de deuses da região. Os Toltecas permaneceram poderosos até a chegada de um novo povo do norte, falante de uma outra língua semelhante, o nahuatl. Estes "novos bárbaros" traziam consigo seus Deuses e tomaram a terra dos Toltecas para fundar mais tarde a Federação dos Astecas. Absorveram então a cultura deixada pelos predecessores e acrescentaram suas próprias crenças, formando o que os espanhóis mais tarde encontrariam como culto da região.
Diz-se, que Ometecuhtli (O senhor) e Omecihuatl (a senhora) o principio criador do universo (Pois "eles" eram um único Deus, contudo masculino e feminino ao mesmo tempo), também chamado de Ometéotl; criou quatro deuses que seriam os senhores do mundo. Eram eles: Xipe Totec (O Tezcatlipoca Roxo, senhor do Leste, que nasceu sem pele), Quetzalcoatl (O Tezcatlipoca Branco, senhor do Oeste, que era ruivo e de olhos azuis) Huitzilopochtli (O Tezcatlipoca Azul, senhor do Sul,) e Tezcatlipoca (Negro, senhor do Norte, que nasceu com garras e dentes de Jaguar). Na mitologia Tolteca, Huitzilopochtli era um Deus menor, sendo o Tezcatlipoca e Quetzalcoatl os dois principais deuses de seu panteão. Eles eram irmãos gemeos e eternos rivais. Xipe Totec era o deus da fertilidade e seu ritual de adoração um dos mais violentos do panteão, o extremo oposto de Quetzalcoatl e por isso, provavelmente eles eram representados como lados opostos dos hemisférios.
Todos recebem o nome de Tezcatlipoca, que significa Espelho Enfumaçado, pois Tezcatlipoca é uma espécie de referencia a o poder oniciente e presente dos Deuses. Sua representação normalmente era a de um homem negro, sem um dos pés, que carregava em seu pescoço um espelho negro que poderia ver todos os pensamentos de todas as pessoas. Ele também era o responsável pela admissão dos mortos no Mictlan, o Hades dos povos da Região e por isso era temido por representar também a morte.
Assim que nasceram Os quatro Deuses resolveram criar um mundo onde pudessem governar. Assim eles desceram até o grande oceano que existia e procuraram pelo monstro da terra, uma terrível criatura que vivia submersa no imenso oceano, seu nome era Cipactli. Para atrair a criatura para a superfície Tezcatlipoca ofereceu o próprio pé como isca. Assim que a besta o fisgou eles o puxaram para cima, mataram o monstro e espalharam seus pedaços pelo mundo. Seus vários olhos se tornaram os lagos e seu sangue os rios. Como conseqüência disso, Tezcatlipoca ficou sem o pé esquerdo. Então os deuses criaram primeiros humanos. Os quatro Deuses disseram a eles para terem filhos e povoarem o mundo. Tezcatlipoca então exigiu que a partir daquele dia, os homens deveriam oferecer sacrifícios rituais como retribuição ao que eles fizeram com o monstro Cipacli. Contudo Quetzalcoatl não exigia esses sacrifícios.
Mas faltava uma coisa. O Sol! O mundo era frio e triste e os deuses perceberam que precisavam fazer alguma coisa para mudar essa situação. Huitzilopochtli fez uma fogueira com seu grande poder e Quetzalcoatl a pegou e jogou no céu. Mas o fogo era muito fraco. Tezcatlipoca, irritado com a incompetência dos irmãos absorveu o fogo no céu e se tornou ele mesmo um Sol. Mas era demasiado forte e inclemente e começou a matar todas as criaturas do mundo. Os únicos que sobreviviam eram os Gigantes que habitavam a terra neste período, chamados de Tzocuiliceque e que comiam pinha, que só davam uma espécie de árvore e que não estavam resistindo ao sol inclemente de Tezcatlipoca. Indignado Quetzalcoalt subiu ao céu e com um golpe de bastão derrubou o irmão no oceano. Furioso pelo fracasso, Tezcatlipoca emergiu das águas na forma de um jaguar gigantesco e devorou os pobres gigantes para saciar sua fúria.
Quetzalcoatl então tomou o lugar do irmão e converteu-se no próprio Sol. Ele irradiava uma luz benévola e durante esse período tudo prosperou. Os homens passaram a se reproduzir e a vida se espalhou pelo mundo. Nessa época, os homens se alimentavam apenas de plantas e viviam felizes. Mas, Tezcatlipoca invejoso com o sucesso do irmão subiu aos céus como Jaguar e numa patada derrubou o irmão na terra. Por causa de sua queda brusca, Quetzalcoatl provocou um imenso furacão que varreu todas as criaturas da terra. Os homens só sobreviveram porque se esconderam num bosque cerrado. Os que não conseguiram alcançar o bosque a tempo tiveram que andar encurvados pelo resto das vidas e se tornaram macacos.
Então um outro Deus, Tlaloc, o deus das chuvas assumiu o lugar de Questzalcoatl e garantiu aos homens o alimento que lhes faria prosperar: o milho. Contudo os homens de sua época se tornaram gananciosos e passaram a não mais respeitar os deuses. Quetzalcoatl, furioso ordenou ao Deus do fogo Xiuhthecuhtli, que destruísse os homens, o que o Deus fez convertendo-se num furioso vulcão que expeliu uma grande quantidade de Lava que cobriria o mundo. Arrependidos os homens rogaram aos deuses para que os poupassem. Tocados, os deuses os transformaram em pássaros e só uns poucos conseguiram sobreviver, pois Quetzalcoalt ordenou que o deus do fogo lhes poupasse a vida.
Huitzilopochtli então ordenou que a deusa das águas, também conhecida como Saia de Esmeraldas, Chalchuiuhcueye que se transformasse no quarto sol. A paz a e a prosperidade novamente reinaram no mundo, contudo Tezcatlipoca novamente não estava contente com o sucesso dos outros. Ele transformou a saia de Chalchuiuhcueye de esmeraldas em jades e esperou até que a Deusa passando por cima do oceano contemplasse sua imagem no espelho d' água. Quando ela viu sua linda saia de brilhantes convertida em pedra fosca, desatou a chorar provocando um imenso dilúvio que afogaria todos os seres vivos do mundo. Vendo os homens se afogarem os deuses piedosos os transformaram em peixes. Mas a chuva foi tão forte que o céu não suportou o seu peso e desabou sobre o mundo destruindo tudo. Envergonhados os quatro grandes deuses se reuniram em Teotihuacan para unir suas forças e criaram quatro grandes homens que os ajudaram a levantar o céu novamente colocando-o em seu lugar. Esses quatro grandes homens se tornaram os quatro pontos cardiais e passaram a sustentar o céu. Mas ainda faltavam duas coisas, os novos homens e o novo sol.
Para criar novos homens eles precisavam de matéria prima, mas não encontravam em lugar algum. Então tiveram a idéia de utilizar os ossos dos gigantes que Tezcatlipoca devotou. Contudo esses ossos estavam no Mictlan, a terra dos mortos, e ninguém queria descer até lá. Tezcatlipoca, que tinha livre acesso ao mundo obscuro se recusou a fazê-lo. Huitzilopochtli não achava a tarefa digna de um guerreiro como ele. Xipe Totec que aquela idéia tinha tudo pra dar errado. Só Quetzalcoatl acreditava que poderia dar certo e ele então resolveu descer sozinho. Ele então foi até o senhor dos mortos, o terrível Mictlantecuhtli e implorou para que ele lhe desse um de seus ossos favoritos de gigante. O deus dos Mortos concordou e entregou o osso. Mas quando Quetzalcoatl já ia a meio caminho de volta para o mundo superior o Deus do Mictlan se arrependeu e começou a perseguí-lo exigindo que devolvesse o osso. Como ele se recusava o deus dos mortos começou a mostrar suas terríveis faces (Pois ele era a morte) e assustado Quetzalcoatl deixou o osso cair, partindo-o em dois. Aproveitando o choque que o Deus dos mortos sofreu ao ver seu precioso osso partido, ele pegou uma das metades e transformando-se em vento fugiu para a segurança de seus irmãos. Então moldou a forma do humano na metade do osso e Xipe Totec lhe deu o sangue da vida. E por isso os homens hoje teriam a metade da estatura de um gigante.
Mas ainda faltava o Sol!
Os quatro irmãos reuniram todos os deuses em Teotihuacan e lhe disseram que era necessário criar um sol que prestasse para o mundo. Como eles não conseguiam se entender decidiram que algum outro deus deveria tomar esse lugar e todos deveriam aceitar a decisão sem questionamento dessa vez, pois esse Sol deveria ser eterno.
Então um deus se apresentou, seu nome era Tecuciztecatl, ele era altivo e forte e todos concordaram que deveria ele ser o Sol. Mas perceberam que também a noite deveria existir a luz e por isso abriram mais uma vaga para o papel da Lua. Quetzalcoatl então questionou quem seria a lua, mas ninguém queria esse papel menor. Todos então se voltaram para Nanahualtizin, um deus pequeno, tímido e cheio de chagas no corpo que era fraco e franzino, mas tinha um coração de ouro e por unanimidade ele foi escolhido para ser a lua.
Durante três dias fizeram várias oferendas e os demais deuses prepararam os corpos dos dois para o grande ritual por qual teria de passar. Enfim, chegado o dia acenderam uma imensa fogueira, tão grande que alcançava até o céu. Então Huitzilopochtli ordenou a Tecuciztecatl que entrasse na fogueira para morrer e renascer como o Sol. O deus tentou quatro vezes, mas todas as vezes que chegava perto do fogo ficava com medo e voltava. Os deuses ficaram tensos. Temerosos de que a fogueira apagasse e perdessem aquela grande chance voltaram-se para Nanahualtizin com olhos suplicantes e ele sem pestanejar, disse que se era essa a vontade de seus irmãos que seja feita. E saltou sem pestanejar no fogo. Envergonhado Tecuciztecatl criou coragem e pulou atrás. Passaram-se quatorze dias até que finalmente o Sol e a Lua surgiram da fogueira e emergiram em direção ao céu. Mas ambos eram igualmente luminosos. Quetzalcoatl percebendo que não era apropriado dois sóis e irritado com a covardia de Tecuciztecatl agarrou um coelho e o atirou contra o deus covarde. O impacto da criatura na bola de fogo o fez reduzir de tamanho e intensidade e o coelho ficaria para sempre devastando a face do Deus com buracos. Mas como os dois apesar de estarem no céu não se moveram, Quetzalcoatl, novamente utilizando sua sagacidade convocou os ventos e os fez soprarem de leste a oeste, para que assim o Sol estivesse sempre em movimento. Mas isso não era suficiente. Pois o Sol precisava de energia constante para continuar queimando. Assim os deuses se sacrificaram, um a um para com seu sangue dar energia ao astro. E para que ele continuasse brilhando os homens deveriam fazer o mesmo.
Quetzalcoatl em nahuatl, significa Serpente Emplumada. Uma criatura mística, que é associada ao poder benéfico das chuvas e dos ventos. Por isso comumente Quetzalcoatl é também associado ao deus do Vento Ehecatl. O culto a serpente emplumada se espalhou por toda a região. Entre os maias ela era conhecida como Kukulkan ou Gucumatz, que significa exatamente a mesma coisa: "serpente emplumada". Acredita-se que o culto de Quetzalcoatl alcançou a península do Yucatan, onde os Maias viviam por conta da expansão de Teotihuacan e depois por conta da expulsão dos governantes de Tula pelos recém chegados falantes da língua nahuatl. Existe um rei Tolteca, que adotou o nome de Topiltizin-Quetzalcoatl e esse rei é considerado o Quetzalcoatl histórico, aquele que segundo as lendas, prometera voltar um dia para reaver seu trono usurpado. Essa lenda, é bastante difundida quando se vai ensinar sobre a conquista da Federação Asteca, pois é comum utilizar a errônea afirmação de que os Astecas consideravam os espanhóis deuses. A princípio, diante da novidade sim, mas isso não durou muito, já que eles não conheciam nada da cultura meso americana e não tinham nem de longe um comportamento digno de um Deus para os povos nativos. Esse Quetzalcoatl histórico moveu-se para o Yucatan e fundou uma cidade Maia chamada Chichen Itzá. Onde hoje pode ser visto a ruína da grande pirâmide dedicada a Serpente Emplumada, que diz-se, durante os solstícios, é possível enxergar ao longo das escadarias, conforme o sol se movimenta no céu, a sombra de uma imensa serpente.
Pelo mito da criação que narrei acima é possível perceber que o sacrifício do corpo teve um papel fundamental na cultura daqueles povos. Contudo para cultuar Quetzalcoatl os nativos da região não ofereciam sacrifícios, o culto dele era visto de uma outra forma. Quetzalcoatl estava se transformando numa filosofia de vida, muito mais do que uma simples idolatria. O que era exigido de seus adoradores era uma conduta exemplar e o tributo a ser pago ao deus era o da transformação da matéria pela arte e inteligência do homem. Assim, Quetzalcoatl era um fim, um objetivo que o homem deveria buscar para transcender sua dependência da matéria e atingir um nível acima. Pois ele governava o paraíso destinado aos homens que renunciavam aos prazeres materiais e viviam para a espiritualidade, aqueles que transcendiam, que se libertavam das forças destrutivas do homem, algo muito semelhante aos ensinamentos de Buda e porque não Jesus. Contudo quando da chegada dos espanhóis a região, essa forma de filosofia ainda estava engatinhando. Os Astecas era adoradores de Huitzilopochtli, um deus guerreiro que "exigia" sacrifícios quase diariamente. E a sociedade da federação acreditava que isso era sim necessário para a manutenção do quinto sol e sua própria sobrevivência. Contudo, o culto a Quetzalcoatl era mantido, sem sacrifícios, e ele era um Deus adorado e amado ao invés de temido. Na região onde viviam os Zapotecas (Também chamados de "Povo das nuvens" e que segundo cronistas eram os povos mais belos da região) Quetzalcoatl era muito mais adorado. Durante anos os Astecas tentaram dominá-los, contudo os Zapotecas se mantinham firmes e a sua conquista só se deu após a tomada de Tenochtitlan (capital da federação Asteca, atual Cidade do México) pelos espanhóis.
Quetzalcoatl é, portanto, como Athena, Buda ou Jesus, um deus dedicado a inteligência e a transcendência do homem pelo poder da educação, da mente e do amor a vida.
Inspirado numa conversa de bar com amigos, vou trazer pra vocês um pouco mais do mundo dos mortos segundo várias tradições por ai a fora. Preparem-se!
Fontes
Peregalli, E. A américa que os Europeus Encontraram. - São Paulo - Atual. 1994.
Hallam, E. O livro de Ouro dos Deuses e Deusas: Mais de 130 divindades e lendas da mitologia mundial. - São Paulo - Ediouro. 2002.
http://members.fortunecity.es/kaildoc/tenochtitlan/5soles.htm