domingo, 23 de maio de 2010

"God save the Queen!"

Olá caros leitores,
Desculpem pela longa demora na postagem, mas os tempos atribulados de nossa era contemporânea me consumiram deveras nas últimas semanas.
Hoje vou dar uma pequena pausa na mitologia e partir para um novo assunto, a história, atendendo a algumas amigas que me pediram para falar um pouco sobre as soberanas que mudaram a história da nossa civilização. E devo dizer, que muitos vão se surpreender pois não foram poucos os exemplos de mulheres que ao ascender o poder, mudaram a forma que a sociedade enxergava seu papel "secundário". Na realidade, muitas desses mulheres soberanas acabaram se tornando lendas, mitos, que influenciaram toda uma nação e posteriormente os movimentos feministas do século XX.
Então, vamos a elas.

"Onde deusas são cultuadas, mulheres são celebradas"

O subtítulo pode parecer óbvio, mas não tanto. Hoje, sabe-se que no período que comumente se denomina de pré-história o homo sapiens sapiens, já senhor da Terra, criando seus cultos ancestrais para justificar sua existência dava um valor importantíssimo a mulher. Porque? Oras, porque a mulher era o símbolo da fertilidade, aquela que carregava o futuro da espécie. O aguçado sexto sentido feminino, hoje provado científicamente, era visto como um dom mágico dos deuses, conferindo as mulheres poderes místicos, mágicos e essenciais para aplacar a fúria dos fenomenos naturais, grandes inimigos de nossa espécie naquele período. Dai as representações femininas que os escultores da época criavam, como a "Vênus pré-histórica" ai ao lado. Essa representação de formas avantajadas não deve ser vista como "oh! eles gostavam de uma gordinha! veja só", mas sim como um hiper realismo. Ou seja, as partes do corpo da mulher que a tornavam especial para a sociedade, eram superdimensionadas para enaltecer seu importante papel de mãe da humanidade.
Acredita-se também, que as primeiras sociedades tribais antes do advento da "civilização" tinham mulheres como líderes supremos, pois elas eram aquelas que sabiam se comunicar com os espíritos e conduzir os demais para o local seguro (novamente o sexto sentido).

Mas o tempo passa. A natureza já não é assim tão assustadora, o homem a dominou e não precisa mais de sexto sentido para se sentir seguro. O problema agora é que tem humanos para todo lado e como já era de se esperar, a "superpopulação" traz conflitos pelos recursos escassos. Nessas condições, o caráter conciliador feminino cede espaço a belicosidade da testosterona e os antes espíritos comunicativos da natureza dão lugar aos violentos deuses guerreiros. Nasce assim a sociedade patriarcal, que vai invariávelmente contaminar grande parte da humanidade ao longo da Terra.

E surgem as cidades e a guerra se torna um negócio mais complicado. Não é mais só invadir a aldeia do outro, tomar o que ele tem e voltar pra casa. Agora existem cidades muradas, armas que matam com muito mais eficiência e indíviduos que se dedicam a tarefas que não envolvem desenvolver músculos para a guerra. Assim, com a mansidão voltando ao homem, volta a mulher a retomar um papel importante na sociedade.

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer uma coisa que é muito mal explicada. O título de rainha, no geral, não tem o mesmo peso de um rei. Na realidade, a rainha só governa na ausência de um rei e essa ausência tem de ser breve. É como, guardadas as devidas proporções, o cargo de um Vice Presidente. Quando o presidente morre, o Vice se torna presidente. No caso da rainha isso pode ou não acontecer. Vai depender exclusivamente de sua capacidade política de domar os rivais. Portanto, a velha máxima "não existe reino sem rei" é a mais pura verdade.

Um exemplo claro do que digo vem do Antigo Egito. Não existe termo feminino para Pharaoh, pois um Pharaoh não é somente um título, mas uma condição. Uma rainha que seja considerada digna de ser um Pharaoh tem o mesmo estatus político e social de um homem. Portanto ela não é mais uma rainha do Egito, mas sim um Rei do Egito. E não faltam exemplos.
A primeira que se tem notícias, apesar de ser muito controvérsa é Neitkert. Atribui-se a ela a restauração da piramide de Menkauré (no grego, Miquerinos, a menorzinha das três grandes de Gizé, hoje no Cairo). Ela teria assumido o trono após seu marido, o Pharaoh, ter sido assassinado por conspiradores e acabou reunindo as condições para sagrar-se um Pharaoh., acredita-se que isso tenha ocorrido por volta de 2184 a.C.

Outra famosa rainha que se tornaria Pharaoh seria Hatchepsut. Ela, esposa do rei Tutmés I (cuja história foi eclipsada pela magnitude de sua esposa e pouco se sabe sobre ele) teve de assumir a regência quando este faleceu e seu sobrinho, Tutmés III era muito jovem para governar. Os historiadores divergem quanto a idade em que ela assumiu (se entre 15 ou 20 anos). O que ninguém discute é o poder que ela exerceu sobre os egípcios e que mais tarde seria coroada Pharaoh sem contestações. Para legitimar seu poder, a mãe de Hatchepsut disse que fora visitada pelo deus Amon-Ra, que assumindo a forma do rei Tutmés I a informou que a filha que nasceria da união deles seria o novo Pharaoh do Egito. Os sacerdotes não queriam acreditar na história, mas como quem mandava agora era Hatchepsut e eles viviam na mordomia graças a ela, tiveram de corroborar com a historia e justificar portanto a ascenção da jovem rainha ao posto mais alto do reino egípcio. Seu governo transcorreu sem grandes percalços, paz e prosperidade. Acredita-se que ela conduziu algumas campanhas militares na Núbia (sul do Egito) com um general, que possivelmente foi seu companheiro durante seu reinado. Contudo, Hatchepsut foi inteligente o bastante para não se unir a nenhum homem e assim ser forçada a abdicar do poder conquistado. Ela reinou por volta de 1479 a 1457 a.C.

Já após a era de ouro egípicia (O reinado de Ramses II, o rei dos reis), uma nova Pharaoh seguindo os passos de Hatchepsut assumiu o trono após a morte de seu marido. O nome dela era Tausert, que significa "A poderosa". Tausert governou por dois anos oficialmente, mas uma vez que Siptah, o filho de seu marido Sethi II (Que não era filho dela por sinal) tinha uma saúde frágil (A análise da múmia indica que ele tinha uma perna atrofiada por conta de Poliomielite) provavelmente fora ela quem governou durante todo o tempo nos bastidores. O sucessor de Tausert usurpou a tumba que ela deve ter mandado construir no vale dos Reis e a múmia da rainha nunca foi encontrada. Algo curioso é que os registros apontam a atuação de um chanceller que foi o grande braço direito de Tausert, uma pessoa que deve ter tido uma importância tremenda no governo da Pharaoh, para ter merecido uma tumba de dignatário no vale dos reis, algo raríssimo.

E claro como não poderia deixar de ser ao falar sobre rainhas egípcias, chega a hora da mais famosa delas. Cleópatra. Primeiramente, apesar de ser considerada Egípcia, devemos nos lembrar que Cleópatra já faz parte da casta de egípcios de linhagens macedônicas. Ou seja, Alexandre o grande já passara por lá, conquistara o Egito e tomara o poder para um de seus generais, que após a sua morte tornou-se no novo "Pharaoh do Egito". Assim Cleópatra é muito mais grega que egipicia, diferentemente de suas antecessoras. Ainda assim, seu reinado foi uma demonstração de como uma mulher no poder pode ser uma estrategista inigualável. Após a morte de seu pai, Cleópatra casou-se com o irmão, que seria o novo Pharaoh. Era um costume comum que os membros da família real se casassem para assim preservar o poder. Contudo o irmão, muito mais jovem era uma marionete nas mãos dos cortesão egípcios. Percebendo que quem mandaria no mundo era Roma, Cleópatra enviou barcos para auxiliar Pompeu, que lutava contra César pelo controle da República. Acontece que os egípcios não gostaram da história e colocaram o povo contra ela, que se viu obrigada a fugir do país. Pompeu acabou perdendo a guerra e foi refugiar-se no Egito. Mas o irmão de Cleópatra, querendo agradar o vencedor mandou matá-lo e enviou a cabeça do infeliz para o romano. Ledo engano. César, furioso, e com uma desculpa mais que justificável, invadiu e conquistou o Egito para os romanos. Cleópatra, muito esperta, pediu uma audiência com o novo Tirano de Roma (Tirano na roma antiga era um ditador, mas não tinha nada a ver com o que conhecemos hoje por governante malvado). E ela o seduziu, enrolando-se num tapete e ordenando que seus servos a entregassem de presente ao conquisatador. Cleópatra teve um filho com César,
a cultura egípcia começou a fincar bandeira em Roma e tudo parecia transcorrer como ela desejava. Mas os senadores resolveram matá-lo no senado e a casa caiu para Cleópatra. Aliando-se ao braço direito do antigo amante, o general Marco Antônio, Cleópatra acreditou poder assegurar a independência de seu país. Mas ela encontrou um adversário de peso. Otávio, que tornaria-se o futuro e primeiro imperador de Roma, sob o título de Augusto, que para os romanos era a mesma coisa que Deus.


Mas o que explica então esse poder que as mulheres egípcias adquiriram, que foi somente muito tempo depois disseminado pelo resto do mundo e que em muitos lugares jamais aconteceu? Uma das explicações pode estar na cultura mitológica dos egípicos. Afinal, a dinvindade mais cultuada no Egíto era Hathor (Também identificada como Isis), a deusa da fecundidade, cujo culto era totalmente conduzido por mulheres. A divindade mais respeitada era Maat (aquela cuja pena vai pesar seu coração no pós vida). Isis era a esposa de Osíris e foi ela, a "Grande esposa" que governou o Egito enquanto o filho deles, Hórus, não tinha idade suficiente para assumir o trono. Ou seja, os mitos de mulheres deusas que poderiam governar na ausência de homens, prepavaram terreno para que no plano físico isso fosse aceito com mais facilidade.

"As guerreiras e as bruxas"

Vamos dar um saltos agora. Sair do Egito e ir para os Balcãs. Ainda no período repúblicando, quando Roma ainda era governada pela "democracia" dos patrícios, uma mulher ascendeu ao poder após a morte de seu marido. Seu nome era Teuta e ela era a rainha dos Ilírios. Os Ilirios eram um povo cuja especialidade era a pirataria no mar mediterrâneo e os romanos, afeitos ao comércio não gostava nada daquilo. Durante o reinado de Teuta, seu povo anexou várias outras terras ao redor e crescia em poder e influência. Então Roma mandou uma missão dipomática para ter com essa Rainha pirata. Diante do desrespeito que o embaixador demonstrou para com a soberana, Teuta não teve alternativa se não decapitar o embaixador e declarar guerra a Roma. Azar o dela. Com o pretexto armado, Roma invadiu e conquistou. Teuta vendo que não teria saída se rendeu e os romanos a deixaram governar. Desde que pagasse tributo a eles pelo resto dos seus dias.

Agora vamos para a Bretanha. Tenho uma amiga que se tornou fã de uma certa rainha celta, que durante muito tempo permaneceu no esquecimento, mas cuja lenda foi retomada durante o reinado de outra poderosa rainha, talvez a mais famosa entre elas. O nome dessa infeliz celta era Boudica. Infeliz porque ela se tornou rainha em circunstancias excepcionais e parece que os deuses Celtas viraram as costas para ela e correram. Quando os romanos, lá pelos idos de 60 d.C chegaram a Bretanha (o que hoje é chamado de Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) o Rei dos Icenos, um povo celta que habitava a região aliou-se a eles para mater seu povo independente. Acontece que durante uma guerra contra povos rivais o rei morreu e os romanos não quiseram nem saber de manter o acordo. Conquistaram os Icenos, açoitaram a rainha Boudica diante de seus súditos e violentaram suas filhas. Depois as expulsaram da sua terra.
O problema é que Boudica não era flor que se cheirasse. Diziam-se que ela era alta, ruiva e que tinha uma voz assustadoramente poderosa. Ela acabou se tornando o pior flagelo romano na região. Reuniu um exército grandioso, destruiu três colonias romanas na região, matando por volta de 80.000 pessoas uma delas Londinium, que hoje é a capital da Inglaterra, mas que Boudica sem dó nem piedade jogou pro chão e reduziu a cinzas. Os romanos se reorganizaram e foram para a luta. Apesar de não se saber exatamente onde ocorreu o embate entre os exércitos liderados por Boudica e os Romanos, sabe-se que ela perdeu. E o motivo é simples. Os romanos eram os senhores da guerra em seu tempo e ninguém os derrotava. Diz-se que para não cair nas mãos deles novamente a rainha celta se matou. Mas seu legado permaneceu no trabalho dos historiadores romanos e mais tarde seria evocado como ideal romantico da formação do orgulho Britanico pelo governo da Rainha Vitória.

Agora vamos para a África. E meus caros amigos, essa aqui vai surpreender vocês.
Lá pelos anos de 1622, o entreposto português na costa ocidental da África recebeu uma delegação diplomática do povo Ndongo. A frente deles seguia uma mulher, irmã do rei dos Ndongo que seria a interlocutora entre seu povo e o governador português João Correa de Souza . O motivo, os portugueses pararem de capturar escravos ou de recrutar seu povo para capturar escravos na região e, principalmente, que desmontassem a fortaleza que construíram na costa de suas terras. O nome dessa rapariga era Nzinga Mbande. Diz-se que ao chegar ao local da conferência, o governador português não deixou uma cadeira onde ela pudesse se sentar. No lugar colocou um tapete, o que a deixaria em posição desfavorável em relação a ele. Sem pensar duas vezes, Nzinga ordenou que um de seus criados ficasse de quatro sobre o tapete e ela sentando-se sobre ele ficou na mesma altura do governador português durante toda a conferência, demonstrando assim, que eles tratariam com uma igual. João falhou em convencer a mulher com seus argumentos para justificar suas ações, para cada proposta, Nzinga vinha com um desarme. Mas a habilidade diplomática da embaixadora os conduziu a um instável acordo de paz. Para selar seu compromisso Nzinga se converteu ao Cristianismo.
Os portugueses por sua vez não cumpriram o acordo. E o irmão de Nzinga envergonhado se matou. Ela então assumiu o trono como regente de seu filho, que morreu logo depois e assim ela assumiu definitivamente o posto de Rei dos Ndongo, pois recusou terminantemente ser chamada de rainha.
Um novo governador portugues chegou. Nzinga ordenou que o acordo fosse cumprido, mas os portugueses deram de ombros. Então ela foi para a guerra. Os portugueses levaram a melhor e a expulsaram de suas terras. Nzinga levou seu povo para a região de Imbangala, onde para reforçar sua posição, diz-se, adotou os cultos canibalísticos dos povos da região. Não se sabe ao certo se essa história é verdadeira ou se foi espalhada pelos padres portugueses para desqualificar a imagem da rainha. O que acontece é que ela manteve o poder e logo atraiu a atenção dos Holandeses que dominavam o Congo, que ofereceram ajuda para que ela retomasse suas terras em troca de acordos comerciais. Vendo ai uma oportunidade única Nzinga aceitou, derrotou os portugueses mas não conseguiu expulsá-los do território. Os portugueses contra atacaram. Os holandeses tomaram Luana e quando Nzinga estava prestes a expulsar os lusos da terra, eis que nossos patrícios brasileiros vieram em seu socorro comandados por Salvador de Sá, ex-governador do Rio de Janeiro, que lutou contra a invasão holandesa no nordeste e veio ajudar os portugueses a expulsar os holandeses dessa região da África também. Mas Nzinga manteve os territórios conqusitados e os portugueses tiveram de reconhecer sua autoridade. Nzinga comandou os exércitos em cada combate, acredita-se até os sessenta anos.
Durante seu reinado pós guerra, seus maiores esforços eram o de repatriar ex-escravos. Ela tentou reconstruir sua nação, devastada pela longa guerra e todas as tentativas de destroná-la fracassaram. Nzinga morreu aos oitenta anos, tranquilamente. Somente após a morte de Nzinga é que os portugueses conseguiram conquistar o território, que seria chamado de Angola, por um erro. Ngola era o título dos nobres da região. Conta-se também que a rainha tinha um harém inverso, ou seja um harém só de homens e que uma de suas diversões era vê-los brigar pelo direito de dormir com ela por uma noite. Nzinga hoje é a heroina da identidade nacional Angolana. Há ruas em sua homenagem e uma estátua na capital onde todas as noivas vão para tirar fotografias, na esperança de que a Rainha Guerreira conceda força e felicidade a seu casamento.

Na Ásia, existia um mito, de uma rainha bruxa que governava o povo dos Wa. Os chineses chamavam aquele povo bárbaro que vivia numa ilha oriental de Wa e quem os governava era a rainha xamã Himiko. Pouco se sabe sobre ela, e se ela realmente existiu. Há relatos dos escribas chineses, mas só. Diz-se que ela ocupava-se de magia e que seu povo nunca a via. Ela não se casara e que seu palácio era cercado de torres, ela cercada de milhares de criadas e um único homem. Ainda assim, Himiko (ou Pimiko) figura entre as históricas figuras femininas que ajudaram a construir a cultura de seu povo, os japoneses.



"Rainhas modernas"

Como falar de Rainhas e não falar das mais famosas delas?
Vou começar pela responsável pela nossa existência portanto. Isabella de Castile e Leon, ou Isabella I. A rainha que expulsou os mouros da península ibérica, unificou a Espanha e patrocinou a expedição de Colombo a América. Pouca coisa não? Bom ela era uma religiosa fervorosa também. E compadeceu-se dos povos indígenas do novo mundo, proibindo que seus súditos, os espanhóis, os fizessem mal. Acontece que a Rainha estava muito longe e os índios muito perto, pobres índios. A mãe dela ficou louca quando era criança. Sua infância foi a de uma pobre aristocrata, pois a Espanha não existia. Os mouros detinham metade da península hibérica e ela teve o azar (ou sorte) de nascer cristã. Assim ela caçava coelhos nas florestas (para comer!) junto com o irmão, tomava banho de cachoeira e montava a cavalo, coisa rara para uma nobre cristã de sua época. Sua mãe, antes de enlouquecer, lhe garantira uma educação decente, para que a jovem pro-ativa arrumasse um marido rico que lhe desse uma vida melhor. Bom, Isabella tinha outros planos. Quando a filha da rainha Joana, esposa do Rei estava para nascer, Isabella e o irmão foram convocados a corte (pois se a menina nascesse e fosse mesma filha do rei, pois essa rainha era bem promíscua eles não teriam seu direito ao trono assegurado). E como ninguém acreditava que a criança fosse mesmo filha do rei os cortezãos se apressaram para que os possiveis herdeiros estivessem presentes no caso de uma reviravolta. A vida da jovem Isabella melhorou bastante. Agora ela não precisava mais caçar coelhos e tinha quartos adornados com ouro. A vida na corte era conturbada. Os senhores feudais queriam tirar poder do rei e forçar ele a abidicar em favor de seu filho, que poderia ser controlado mais facilmente. Ele o fez, mas o filho morreu (provavelmente envenenado) e a bomba caiu nas mãos de quem? Ela mesma. Agindo diplomáticamente, Isabella conseguiu dois trunfos. Assumiu o poder sem derramar sangue e conseguiu consentimento do pai para que ele não a forçasse a se casar com ninguém sem seu consentimento.
Para que pudesse assegurar o reino, Isabella precisava se casar com alguém. Mas os pretendentes eram difíceis, ou porque ela não queria ou porque o pai não queria. Sobrou Fernando de Aragão, que havia sido o "marido original" pois eles foram prometidos ao casamento quando ambos tinham 3 anos de idade, mas o acordo fora desfeito pelos pais. Acontece que havia um problema espiritual na união. Os avós dos dois eram irmãos e só o papa poderia consentir o casamento. Isabella, religiosa só aceitaria o casamento com o consentimento do Vigário de Roma. Descobrindo o intento, o pai dela tentou impedir o casamento, pois lhe era desfavorável, mas o Papa acabou consentindo e os dois se uniram.
O reinado de Isabella foi o início da ascensão da Espanha como potência mundial. O encontro da América por Colombo deu a nascente nação um impulso inigualável. Contudo, Isabella, religiosa fanática, reforçou a posição da inquisição em suas terras expulsando os judeus e muçulmanos que viviam ali ou convertendo-os a força. Diz-se que inclusive, ela era melhor regente que seu marido e que a colonização da américa se deu basicamente pelo povo de Castile, por isso comumente se diz que o espanhol falado na América é o Castelhano.

Outra importante Rainha reformadora foi Catherine II da Russia. Ela viveu em um período conturbado, revoluções pipocando por toda parte e a nossa era contemporânea estava nascendo. Durante seu reinado a Russia cresceu horrores. Anexou territórios por toda a região. Catherine foi uma modernizadora, sempre antenada com o que ocorria na Europa Ocidental. Um marco na história da Rússia, uma vez que o país esteve sempre voltado para a região oriental. Sua ascenção ao poder se deu através de uma conspiração e ela reinou durante 37 anos, com mão de ferro. Também é conhecida por ter tido inúmeros amantes e de ter sido deveras generosa com eles. Ela morreu de um derrame.


E claro, para coroar esse post tão cheio de coroas nada mais justo do que falar sobre as duas maiores e mais famosas rainhas da história. Elizabeth I e Victória da Inglaterra.

A primeira amplamente conhecida, graças aos inúmeros filmes que a retratam dispensa comentários. Elizabeth é filha de Anne Boleyn, a mulher que virou a cabeça de Henry VIII e fez com que o rei criasse uma igreja só para se casar com ela. A mãe de Elizabeth terminou decapitada quando a jovem princesa era ainda um bebê, mas os genes da mãe foram mais fortes nela. Elizabeth se tornou a herdeira da dinastia dos Tudor, governou a Inglaterra por 44 anos e foi responsável pela fundação do Império Britânico, com a incontestável vitória sobre a Invencível Armada de Espanha, potência indiscutível na época. Elizabeth era uma mulher forte, determinada e que a exemplo de outras rainhas poderosas não se uniu a homem nenhum para legitimar seu poder indiscutível como Rainha da Inglaterra. Na realidade, mantendo-se "virgem" e solteira, Elizabeth assim como as Pharaohs egípcias, adquirira o respeito dispensado apenas aos Reis, feito que não será equiparado por nenhuma outra rainha de seu tempo e posterior.

Se Elizabeth fincou a bandeira. Victória construiu a casa. Reinou por 64 anos e detinha uma míriade de títulos. Essa mulher era praticamente dona do mundo.
Para ascender ao trono ela teve de esperar quatro filhos homens morrerem. Coroada aos 18 anos. Ela cresceu isolada, não lhe permitiam ter contato com outras crianças ou com quem quer que fosse sem o consentimentos daqueles que cuidavam dela, sua mãe e o amante dela. Quando Victoria assumiu o trono baniu o amante e mandou a mãe para bem longe, nunca mais querendo vê-la. Graças a extrema moralidade de sua mãe, Victoria acabou impregnada de idéias repressivas em relação a sexualidade, o que mais tarde seria uma conduta adotada por toda a sociedade Britânica, conhecida por Era Vitoriana.
No seu diário ela diz que um dia foi acordada por sua mãe as seis da manhã dizendo que o Arcebispo de Canterbury (Líder da igreja anglicana) precisava vê-la. Ela foi de roupa de dormir mesmo até o encontro do arcebispo na sala de reunião e ele a informou que seu tio, o Rei não estava mais entre eles. E portanto ela era a Rainha da Grã Bretanha.
Como uma mulher sem filhos não poderia governar nesse período trataram logo de arrumar um marido para a jovem.Que viria a ser um alemão, o principe Albert. Foi amor a primeira vista.
Mas nem todos amavam a rainha. Quando estava grávida do primeiro filho ela sofreu um atentado, mas o atirador errou os dois disparos que fez. Ela sofreu outro atentado que igualmente foi frustrado. O casal, teve nove filhos e agora sabe-se que Victoria utilizou-se de anestesia para um dos partos, algo extremamente inusitado para a era em que vivia.
Após 21 anos de casamento feliz, o principe Albert morreu de febre tifóide e isso a devastou completamente. Victoria voltou a se isolar e sua popularidade começou a cair, mas ela foi recuperada no final de seu reinado.
A Grã-Bretanha nesse período já era uma monarquia constitucional como é hoje, contudo a figura da rainha era muito mais importante. Foi durante seu reinado que os britanicos se consolidaram como modelo a ser copiado. Venceram as guerras napoleonicas, colonizaram metade do mundo e expalharam sua própria língua pelos quatro cantos da Terra, e que mais tarde se tornaria a língua franca da Terra, a despeito de Franceses e e Espanhóis.

"Enfim o feminismo"

Com a industrialização e depois com as guerras, as mulheres passaram a retomar seu poder na sociedade, que agora já não poderia mais se sustentar em antigas tradições, pelo menos no mundo ocidental. O feminismo portanto trouxe conceitos da antiguidade para evocar o poder feminino, contudo o erro das feministas do início do movimento, hoje apontado pelas próprias, foi ter tentado igualar-se ao homens em todos os aspectos. Como podemos ver nos exemplos de sucesso das mulheres que alcançaram o poder no passado, esse tipo de enfrentamento normalmente resulta em uma ampla resistência. Mulheres e homens são diferentes, pensam diferente, governam de formas diferentes e isso já era sabido desde o tempo das cavernas. Se mal ou bem, o tempo é que vai julgar. Contudo, vale uma ressalva. Alguém já ouviu falar de alguma "Ivana, a Terrível?"

domingo, 2 de maio de 2010

"A dura Vida dos mortos"


Bem... acontece que você subiu no telhado, bateu as botas, juntou os pés, foi comer grama pela raiz, descansou, fez a passagem, ou seja, você morreu. Mas o que julgava ser um merecido e tranquilo descanso vai se revelar o início de uma grande jornada de provações, dependendo de onde você morreu e no que acreditava. Bem vindo a dura vida dos mortos!

Hora do julgamento!

Você desperta em um lugar estranho e a sua frente há um gigante com cabeça de cachorro nada amistoso. Bem, isso não lhe seria surpresa alguma se você morasse no Antigo Egito. Isso significava que seu corpo havia sido mumificado, que seus parentes e amigos tinham feito os rituais adequados e agora finalmente você poderia colocar sua existência em jogo. É porque para eles não bastava morrer. Morrer era só o primeiro passo da existência. Agora era a hora da verdade! O gigante em questão é Anubis, o responsável por conduzir os mortos até o julgamento de Osíris. Diante do Deus morto estava a balança da verdade, onde seu coração (isso mesmo seu coração) seria pesado. O contra peso seria a Pena de Maat (verdade), que representava todas as diretrizes que você, egípcio, teria de seguir em vida se quisesse continuar existindo. Veja que, eles estão pesando o seu coração com uma pena! Se a balança permanecer equilibrada você poderá ir viver no Sekhet Aaru (Campos de junco), o paraíso, onde você viveria feliz com seus escravinhos de barro repetindo a vida que levava na terra sem se preocupar em sofrer. Contudo, se a balança pendesse para o lado do coração... Uma quimera infernal (um monstro de três cabeças, sendo crocodilo, leão e hipopótamo) chamada Ammut surgiria do nada e devoraria sua alma, relegando-o ao oblívio. Ou seja, a inexistência. Você simplesmente deixaria de existir, ninguém se lembraria de você. Você não seria mais. Esse era o pior de todos os castigos para os egípicos, muito mais que a morte ou sofrimento. Então, se quando morrer se deparar com um homem com cabeça de cachorro é bom ter sido uma boa pessoa ou não adianta nem apelar, a lei de Maat é implacável!
Mas se você acha isso aterrorizante, espere até ver como um Asteca alcançava o paraíso.

"Hora do desafio!"

Quando você abriu os olhos, só existia um homem negro, sem um dos pés a sua frente. No seu pescoço estava um espelho enfumaçado e ele não tinha cara de bons amigos. Na realidade quando ele abria a boca você podia ver as presas de jaguar bem afiadas reluzindo na escuridão. Tezcatlipoca (ele mesmo, o irmão encrenqueiro de Quetzalcoatl do último post) é quem recebe você na passagem do mundo meso americano. Primeiro ele vai se certificar de como você morreu. Se era um homem guerreiro e morreu na batalha ou uma mulher valente que morreu parindo vai te mandar para o paraíso do Sol. Se morreu afogado, vai para o paraíso de Tlaloc (Deus das chuvas) agora se você é um infeliz que morreu de qualquer outra maneira, meus pesames, vai ter que penar pra conseguir o paraíso.Ele vai te mandar atravessar nove lugares tenebrosos para enfim se apresentar ao deus dos mortos e pleitear a sua entrada no paraíso. O primeiro deles já é uma pedreira. Você terá de atravessar um rio caudaloso, mas jamais conseguiria sozinho. Então um cachorro gigante chamado Xolotl, vai te ajudar. Acontece que se você alguma vez maltratou um cão na vida, o cachorro nem vai olhar para sua cara e você ficará vagando pelo mundo como uma alma penada. Caso você tenha sido bom com os animais, ele vai te ajudar a atravessar. Mas do outro lado o que te espera não é nada amistoso. Vai encontrar um lugar onde montanhas se chocam, onde nevascas cortantes como agulhas lhe fustigam, onde chovem lâminas afiadas, terá de atravessar um deserto congelado, depois um em que mãos invisíveis te crivam de flechas, um pântano em que monstros tentam devorar seu coração e finalmente um lugar onde você não enxerga nada e ainda sim tem de vaguear entre nove rios para enfim chegar ao senhor dos mortos. Acabou? Não. Agora ele vai te pedir a oferenda, hahaha! E ai de você se quiseram te sacanear. Quando um azteca morria, colocavam uma lasca de jade na sua língua e o morto teria de carregá-la por todas as provações até o deus do Mictlan para enfim apresentar a ele a lasca de jade que permitiria ao morto entrar no paraíso. Se você não tivesse essa lasca ele te mandava voltar por tudo isso ai e viver como alma penada entre os vivos. Sacanagem.

Entre os Maias não era muito diferente. O nome da morada dos mortos para eles era Xibalba que era composto por sete casas e cada uma tinha um demônio sacana. E mesmo pra chegar até lá já tinha desafios a cumprir. O primeiro era atravessar um rio cheio de escorpiões, depois um cheio de sangue e o terceiro cheio de pús (ECA!). Depois você chegará a uma encruzilhada com quatro direções a seguir e em cada uma delas há um engraçadinho que vai fazer você se perder e voltar sempre pro mesmo lugar. Se você conseguir passar disso chegará a Xibalba. Lá os seis demônios te esperam, com uma porção de cópias deles e você deve descobrir quais são os verdadeiros. A cada erro eles vão zombar de você. Quando você descobrir, vão te pedir pra sentar ao lado deles, mas esses demônios são sacanas. O assento destinado a você é uma frigideira fervendo. Depois de te fazerem de palhaço vão mandar pro teste de verdade. Cada uma das seis casas tem um desafio. A primeira é absolutamente escura e você tem de atravessar as cegas sem ponto de luz pra te guiar. A segunda é um freezer absurdo onde até seus ossos podem congelar e se partir. Para dar uma esquentadinha, na terceira você vai ter que correr de uns jaguares famintos, na quarta de uns morcegos vampíros famintos, na quinta de lâminas que voam pra lá e pra cá e na sexta e última atravessar uma sala tão quente quanto o interior de um vulcão. Se passou tudo isso inteiro, parabéns o paraíso é seu.

"Morte melancólica"

Mas se você nasceu grego antigo, bom a coisa será mais fácil. Hermes, o deus mensageiro, irá te conduzir a entrada do mundo dos mortos e tudo o que você precisa fazer é pagar o barqueiro Caronte. E acredite, ele é bem sovina. Tão sovina que matou seu próprio irmão Corante (isso mesmo o nome dele é Corante, agora entenda o porque) só porque este descobriu que ele o estava roubando. Caronte o afogou no Aqueronte (Rio das Dores) e desde então o rio foi tingido com seu sangue e ficou vermelho (por isso Corante é nome de tinta). Caronte é feio que doi e por isso usa uma máscara para não assustar os "clientes". Se alguém quisesse te sacanear, não colocaria a moedinha na boca de seu cadáver e assim, você não poderia pagar o barqueiro e ficaria forçado a viver como alma penada eternamente. Se você pagar sua passagem só de ida pro Hades, quem te recebe do lado de lá é o cão infernal Cerberus, que tem três cabeças para ter certeza de que nenhuma alma arrependida queira voltar pro mundo dos vivos. No Hades, você vai viver em melancolia para o resto da sua existência. Paraíso para os gregos só para aqueles que os Deuses agraciassem com a estada nos Campos Elísios  Caso contrário é sofrimento mesmo. Mas poderia ser pior. Dependendo da sua perfídia, você poderia ser condenado ao Tártaro, o pior lugar do Universo. Lá você seria obrigado a sofrer o seu pior pecado. Digamos que você fosse guloso e que por isso fez muitos sofrerem. Bom, agora você será obrigado a ver a comida e a bebida, e nunca alcançá-las... PELA ETERNIDADE!

Se você nascesse no Japão, você seria mandado para o Yomi. Independente de ter sido, bom ou mau, herói ou vilão, na mitologia shinto todos vão pro mesmo lugar e ficam lá, no escuro, deprimente e solitário leito de morte para sempre.

Esse também era o destino dos infelizes Nórdicos que não morressem com uma espada nas mãos. Se você fosse nórdico (também conhecidos como Vikings pela cultura popular) e morresse numa luta sangrenta, parabéns. Tão logo fechasse os olhos veria as lindas Valkírias, mulheres guerreiras aladas, que viriam buscar sua alma e levar para o Valhala, o palácio dos cadáveres de Odin, onde você, seus amigos e inimigos lutariam o dia inteiro e festejariam a noite inteira até o Ragnarok (Fim do mundo). Mas se você morreu de qualquer outra maneira, pobre infeliz, você vai mesmo é pro Niflheim. Lá governa a terrível Hel. Uma deusa que é metade mulher metade cadáver. O Nifleheim tem três níveis, um deles só habitado por heróis e deuses em festa. No outro, pelos bons que foram incapazes de morrer lutando (idosos, doentes, crianças e mulheres) e por fim o terceiro piso era para onde as pessoas ruins eram mandadas para serem torturadas... PELA ETERNIDADE!

"Purificando a alma"

Já não bastasse o sofrimento da vida, teríamos também de passar por sofrimento na morte? Bom, para algumas tradições sim, dependendo da sua conduta em vida. Para os casos acima, excetuando alguns, nem todos eram merecedores do paraíso, mesmo que se arrependessem ou que fossem purificados pelo sofrimento. Gregos, nórdicos e egípcios, por exemplo, não costumavam dar segunda chance aos pecadores. Para as religiões derivadas do hinduísmo e do judaísmo, contudo, isso não é bem assim.
Hindus, budistas, janaístas, etc. Acreditam que as almas impuras eram enviadas para o Niraya. O lugar de sofrimento terrível, mas que tinha um propósito, purificar a alma pecadora para que ela pudesse alcançar a salvação.

Para os Incas, os pecadores voltavam para o Uku Pacha, o lugar de onde todos vêm e esperavam para renascer e ter outra chance e continuariam nessa sina até poderem ascender ao Hanan Pacha, o paraíso onde viveriam próximos, mas não junto aos deuses. Para eles viver era uma oportunidade e irritar os deuses era um perigo, pois ser mandado de volta ao Uku Pacha significava sofrer a espera de poder nascer outra vez no Kay Pacha (nosso mundo).

Para Judeus, Cristão e Muçulmanos, após a morte a alma descansa  Sim. Apesar de muitos religiosos de seitas cristãs (Católicos, Protestantes e Ortodoxos)afirmarem que as almas dos pecadores vão direto pro Inferno isso não é verdade segundo os próprios conceitos de sua religião. Assim que morre, o indivíduo dorme até o dia do Juízo Final, quando finalmente seus atos serão julgados por Deus e ai sim ele será condenado ou absolvido de suas faltas. Condenado, será lançado no Inferno, onde permanecerá até que sua alma seja purificada. O inferno para as três religiões abraâmicas  portanto, não é um fim, mas sim um meio, assim como nas de tradição hindu. É um "mal necessário", o castigo final de Yaweh/Alah para que a lição seja enfim aprendida e o pecador possa afinal, alcançar seu lugar ao lado d'Ele.

Mas então porque o dogma do Inferno é tão presente no cristianismo em geral? Acontece que a nascente Igreja Cristã em Roma, de modo a convencer e converter melhor e mais rápido os pagãos à sua fé, teve de adaptar-se as crenças da época. O Inferno cristão tradicional é muito parecido com o Hades/Tártaro Grego. A adoração de imagens, um contra ponto em relação às outras tradições abraâmicas  também é um reflexo dessa necessidade de conformação a um mundo diferente do que era encontrado na região em que Cristo teria vivido. Assim, com o passar dos anos e a amálgama de várias culturas, a religião cristã européia, cuja Igreja Católica é a herdeira direta, assumiria uma forma de culto cristão peculiar que mistura elementos pagãos e cristãos numa liga muitas vezes complexa de se entender. O protestantismo, numa tentativa de afirmar-se diferente, aproximou-se mais da tradição judaica. Mas não abandonou a ideia pagã do Inferno de sofrimento eterno para os pecadores.

"Descanse em paz"

Mas nem todos deveriam passar por algum teste ou sofrimento. Os Celtas acreditavam que após a morte, independente da sua conduta em vida todos mereciam o paraíso, pois todos eram imaturos e impuros diante dos deuses. Curiosamente, ainda assim eles não se matavam por qualquer besteira ou não cometiam atrocidades mil só porque não tinham o perigo de serem castigados no pós vida.

E mesmo para aqueles que não seguem nenhuma tradição religiosa, a morte é um mal necessário. Afinal, a vida só pode existir graças a morte de outros seres. Assim, a morte, essa dama tão temída, vive de mãos dadas com a vida. A vida te empurra ao nascer, mas é nos braços da morte que você vai parar. Hehehehe!