domingo, 2 de maio de 2010

"A dura Vida dos mortos"


Bem... acontece que você subiu no telhado, bateu as botas, juntou os pés, foi comer grama pela raiz, descansou, fez a passagem, ou seja, você morreu. Mas o que julgava ser um merecido e tranquilo descanso vai se revelar o início de uma grande jornada de provações, dependendo de onde você morreu e no que acreditava. Bem vindo a dura vida dos mortos!

Hora do julgamento!

Você desperta em um lugar estranho e a sua frente há um gigante com cabeça de cachorro nada amistoso. Bem, isso não lhe seria surpresa alguma se você morasse no Antigo Egito. Isso significava que seu corpo havia sido mumificado, que seus parentes e amigos tinham feito os rituais adequados e agora finalmente você poderia colocar sua existência em jogo. É porque para eles não bastava morrer. Morrer era só o primeiro passo da existência. Agora era a hora da verdade! O gigante em questão é Anubis, o responsável por conduzir os mortos até o julgamento de Osíris. Diante do Deus morto estava a balança da verdade, onde seu coração (isso mesmo seu coração) seria pesado. O contra peso seria a Pena de Maat (verdade), que representava todas as diretrizes que você, egípcio, teria de seguir em vida se quisesse continuar existindo. Veja que, eles estão pesando o seu coração com uma pena! Se a balança permanecer equilibrada você poderá ir viver no Sekhet Aaru (Campos de junco), o paraíso, onde você viveria feliz com seus escravinhos de barro repetindo a vida que levava na terra sem se preocupar em sofrer. Contudo, se a balança pendesse para o lado do coração... Uma quimera infernal (um monstro de três cabeças, sendo crocodilo, leão e hipopótamo) chamada Ammut surgiria do nada e devoraria sua alma, relegando-o ao oblívio. Ou seja, a inexistência. Você simplesmente deixaria de existir, ninguém se lembraria de você. Você não seria mais. Esse era o pior de todos os castigos para os egípicos, muito mais que a morte ou sofrimento. Então, se quando morrer se deparar com um homem com cabeça de cachorro é bom ter sido uma boa pessoa ou não adianta nem apelar, a lei de Maat é implacável!
Mas se você acha isso aterrorizante, espere até ver como um Asteca alcançava o paraíso.

"Hora do desafio!"

Quando você abriu os olhos, só existia um homem negro, sem um dos pés a sua frente. No seu pescoço estava um espelho enfumaçado e ele não tinha cara de bons amigos. Na realidade quando ele abria a boca você podia ver as presas de jaguar bem afiadas reluzindo na escuridão. Tezcatlipoca (ele mesmo, o irmão encrenqueiro de Quetzalcoatl do último post) é quem recebe você na passagem do mundo meso americano. Primeiro ele vai se certificar de como você morreu. Se era um homem guerreiro e morreu na batalha ou uma mulher valente que morreu parindo vai te mandar para o paraíso do Sol. Se morreu afogado, vai para o paraíso de Tlaloc (Deus das chuvas) agora se você é um infeliz que morreu de qualquer outra maneira, meus pesames, vai ter que penar pra conseguir o paraíso.Ele vai te mandar atravessar nove lugares tenebrosos para enfim se apresentar ao deus dos mortos e pleitear a sua entrada no paraíso. O primeiro deles já é uma pedreira. Você terá de atravessar um rio caudaloso, mas jamais conseguiria sozinho. Então um cachorro gigante chamado Xolotl, vai te ajudar. Acontece que se você alguma vez maltratou um cão na vida, o cachorro nem vai olhar para sua cara e você ficará vagando pelo mundo como uma alma penada. Caso você tenha sido bom com os animais, ele vai te ajudar a atravessar. Mas do outro lado o que te espera não é nada amistoso. Vai encontrar um lugar onde montanhas se chocam, onde nevascas cortantes como agulhas lhe fustigam, onde chovem lâminas afiadas, terá de atravessar um deserto congelado, depois um em que mãos invisíveis te crivam de flechas, um pântano em que monstros tentam devorar seu coração e finalmente um lugar onde você não enxerga nada e ainda sim tem de vaguear entre nove rios para enfim chegar ao senhor dos mortos. Acabou? Não. Agora ele vai te pedir a oferenda, hahaha! E ai de você se quiseram te sacanear. Quando um azteca morria, colocavam uma lasca de jade na sua língua e o morto teria de carregá-la por todas as provações até o deus do Mictlan para enfim apresentar a ele a lasca de jade que permitiria ao morto entrar no paraíso. Se você não tivesse essa lasca ele te mandava voltar por tudo isso ai e viver como alma penada entre os vivos. Sacanagem.

Entre os Maias não era muito diferente. O nome da morada dos mortos para eles era Xibalba que era composto por sete casas e cada uma tinha um demônio sacana. E mesmo pra chegar até lá já tinha desafios a cumprir. O primeiro era atravessar um rio cheio de escorpiões, depois um cheio de sangue e o terceiro cheio de pús (ECA!). Depois você chegará a uma encruzilhada com quatro direções a seguir e em cada uma delas há um engraçadinho que vai fazer você se perder e voltar sempre pro mesmo lugar. Se você conseguir passar disso chegará a Xibalba. Lá os seis demônios te esperam, com uma porção de cópias deles e você deve descobrir quais são os verdadeiros. A cada erro eles vão zombar de você. Quando você descobrir, vão te pedir pra sentar ao lado deles, mas esses demônios são sacanas. O assento destinado a você é uma frigideira fervendo. Depois de te fazerem de palhaço vão mandar pro teste de verdade. Cada uma das seis casas tem um desafio. A primeira é absolutamente escura e você tem de atravessar as cegas sem ponto de luz pra te guiar. A segunda é um freezer absurdo onde até seus ossos podem congelar e se partir. Para dar uma esquentadinha, na terceira você vai ter que correr de uns jaguares famintos, na quarta de uns morcegos vampíros famintos, na quinta de lâminas que voam pra lá e pra cá e na sexta e última atravessar uma sala tão quente quanto o interior de um vulcão. Se passou tudo isso inteiro, parabéns o paraíso é seu.

"Morte melancólica"

Mas se você nasceu grego antigo, bom a coisa será mais fácil. Hermes, o deus mensageiro, irá te conduzir a entrada do mundo dos mortos e tudo o que você precisa fazer é pagar o barqueiro Caronte. E acredite, ele é bem sovina. Tão sovina que matou seu próprio irmão Corante (isso mesmo o nome dele é Corante, agora entenda o porque) só porque este descobriu que ele o estava roubando. Caronte o afogou no Aqueronte (Rio das Dores) e desde então o rio foi tingido com seu sangue e ficou vermelho (por isso Corante é nome de tinta). Caronte é feio que doi e por isso usa uma máscara para não assustar os "clientes". Se alguém quisesse te sacanear, não colocaria a moedinha na boca de seu cadáver e assim, você não poderia pagar o barqueiro e ficaria forçado a viver como alma penada eternamente. Se você pagar sua passagem só de ida pro Hades, quem te recebe do lado de lá é o cão infernal Cerberus, que tem três cabeças para ter certeza de que nenhuma alma arrependida queira voltar pro mundo dos vivos. No Hades, você vai viver em melancolia para o resto da sua existência. Paraíso para os gregos só para aqueles que os Deuses agraciassem com a estada nos Campos Elísios  Caso contrário é sofrimento mesmo. Mas poderia ser pior. Dependendo da sua perfídia, você poderia ser condenado ao Tártaro, o pior lugar do Universo. Lá você seria obrigado a sofrer o seu pior pecado. Digamos que você fosse guloso e que por isso fez muitos sofrerem. Bom, agora você será obrigado a ver a comida e a bebida, e nunca alcançá-las... PELA ETERNIDADE!

Se você nascesse no Japão, você seria mandado para o Yomi. Independente de ter sido, bom ou mau, herói ou vilão, na mitologia shinto todos vão pro mesmo lugar e ficam lá, no escuro, deprimente e solitário leito de morte para sempre.

Esse também era o destino dos infelizes Nórdicos que não morressem com uma espada nas mãos. Se você fosse nórdico (também conhecidos como Vikings pela cultura popular) e morresse numa luta sangrenta, parabéns. Tão logo fechasse os olhos veria as lindas Valkírias, mulheres guerreiras aladas, que viriam buscar sua alma e levar para o Valhala, o palácio dos cadáveres de Odin, onde você, seus amigos e inimigos lutariam o dia inteiro e festejariam a noite inteira até o Ragnarok (Fim do mundo). Mas se você morreu de qualquer outra maneira, pobre infeliz, você vai mesmo é pro Niflheim. Lá governa a terrível Hel. Uma deusa que é metade mulher metade cadáver. O Nifleheim tem três níveis, um deles só habitado por heróis e deuses em festa. No outro, pelos bons que foram incapazes de morrer lutando (idosos, doentes, crianças e mulheres) e por fim o terceiro piso era para onde as pessoas ruins eram mandadas para serem torturadas... PELA ETERNIDADE!

"Purificando a alma"

Já não bastasse o sofrimento da vida, teríamos também de passar por sofrimento na morte? Bom, para algumas tradições sim, dependendo da sua conduta em vida. Para os casos acima, excetuando alguns, nem todos eram merecedores do paraíso, mesmo que se arrependessem ou que fossem purificados pelo sofrimento. Gregos, nórdicos e egípcios, por exemplo, não costumavam dar segunda chance aos pecadores. Para as religiões derivadas do hinduísmo e do judaísmo, contudo, isso não é bem assim.
Hindus, budistas, janaístas, etc. Acreditam que as almas impuras eram enviadas para o Niraya. O lugar de sofrimento terrível, mas que tinha um propósito, purificar a alma pecadora para que ela pudesse alcançar a salvação.

Para os Incas, os pecadores voltavam para o Uku Pacha, o lugar de onde todos vêm e esperavam para renascer e ter outra chance e continuariam nessa sina até poderem ascender ao Hanan Pacha, o paraíso onde viveriam próximos, mas não junto aos deuses. Para eles viver era uma oportunidade e irritar os deuses era um perigo, pois ser mandado de volta ao Uku Pacha significava sofrer a espera de poder nascer outra vez no Kay Pacha (nosso mundo).

Para Judeus, Cristão e Muçulmanos, após a morte a alma descansa  Sim. Apesar de muitos religiosos de seitas cristãs (Católicos, Protestantes e Ortodoxos)afirmarem que as almas dos pecadores vão direto pro Inferno isso não é verdade segundo os próprios conceitos de sua religião. Assim que morre, o indivíduo dorme até o dia do Juízo Final, quando finalmente seus atos serão julgados por Deus e ai sim ele será condenado ou absolvido de suas faltas. Condenado, será lançado no Inferno, onde permanecerá até que sua alma seja purificada. O inferno para as três religiões abraâmicas  portanto, não é um fim, mas sim um meio, assim como nas de tradição hindu. É um "mal necessário", o castigo final de Yaweh/Alah para que a lição seja enfim aprendida e o pecador possa afinal, alcançar seu lugar ao lado d'Ele.

Mas então porque o dogma do Inferno é tão presente no cristianismo em geral? Acontece que a nascente Igreja Cristã em Roma, de modo a convencer e converter melhor e mais rápido os pagãos à sua fé, teve de adaptar-se as crenças da época. O Inferno cristão tradicional é muito parecido com o Hades/Tártaro Grego. A adoração de imagens, um contra ponto em relação às outras tradições abraâmicas  também é um reflexo dessa necessidade de conformação a um mundo diferente do que era encontrado na região em que Cristo teria vivido. Assim, com o passar dos anos e a amálgama de várias culturas, a religião cristã européia, cuja Igreja Católica é a herdeira direta, assumiria uma forma de culto cristão peculiar que mistura elementos pagãos e cristãos numa liga muitas vezes complexa de se entender. O protestantismo, numa tentativa de afirmar-se diferente, aproximou-se mais da tradição judaica. Mas não abandonou a ideia pagã do Inferno de sofrimento eterno para os pecadores.

"Descanse em paz"

Mas nem todos deveriam passar por algum teste ou sofrimento. Os Celtas acreditavam que após a morte, independente da sua conduta em vida todos mereciam o paraíso, pois todos eram imaturos e impuros diante dos deuses. Curiosamente, ainda assim eles não se matavam por qualquer besteira ou não cometiam atrocidades mil só porque não tinham o perigo de serem castigados no pós vida.

E mesmo para aqueles que não seguem nenhuma tradição religiosa, a morte é um mal necessário. Afinal, a vida só pode existir graças a morte de outros seres. Assim, a morte, essa dama tão temída, vive de mãos dadas com a vida. A vida te empurra ao nascer, mas é nos braços da morte que você vai parar. Hehehehe!

8 comentários:

  1. A conversa de boteco rendeu um ótimo post!!

    Ainda bem que eu nasci no Brasil, e aqui, no céu ou no inferno, dizem que tudo acaba em pizza! hehehehe

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  2. Hehehe.
    Eu preferi falar só o lado dos pecadores nesse post, porque assim como na Divina Comédia de Dante, a parte mais interessante dessas histórias é sempre o lado ruim e difícil, ou seja o Inferno. Fico feliz que tenham gostado.

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  3. Ual heim Red? Oo
    Bom, pelo meu humilde conhecimento ._. vai um complemento na parte da minha descendencia xD

    sei q no Japão (nao sei especificamente de qual seita ou se há mesmo alguma seita ou religião) as pessoas acreditam que após a morte, o cara é julgado por Emma Daiyo (sim aquele do Yuyu Hakusho)... teoricamente as pessoas precisam atravessar o Sanzu no Gawa, um rio loooongo pra dedéu,(talvez algo q possa se igualar a muralha da China nos dias de hj ou até maior) para encontrar com Emma Daiyo e assim seria feito seu julgamento. Há também assim como vc citou, o Yomi.(que também aparece no Yuyu) Mas acredito que ele faça parte das "trevas" (ou algo como deus da morte/inferno) e nao como um julgador.

    Agora qnto ao Ragnarok, acredito q isso seja uma cultura Coreana. (não por causa do jogo, mas pelo proprio nome)

    Agora em relação ao budismo posso tentar explicar alguma coisa mais concreta.

    A morte significa um "tempo de descanso" ou "recarregar as energias". O julgamento não é realizado após a morte, mas sim em vida. Isso conta na Lei de Causa e Efeito (o q se planta, se colhe) Ou seja, mesmo que as pessoas partam, elas levam consigo o 'carma'(ou as 'causas' acumuladas que fez durante toda a existencia. Boas ou ruins) e os 'efeitos' manifestam-se em vida.
    Dependendo de suas causas realizadas, as pessoas que partiram tem ou nao a boa sorte de renascer como seres humanos, ou podem também renascer como outras formas de vida. (animais, plantas, etc)

    num geral é isso. Mas há explanações mais profundas com relação vida/ morte xD

    espero ter acrescentado algo neste seu post espetaculoso ;)
    abraços! o/

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  4. ah soh esqueci de dizer tbm pra concluir....
    Entao na verdade não há alguem que irá te julgar. Vc é responsavel por todos os seus atos, ou seja. Vc eh o proprio julgador. xD
    Entao, teoricamente nao adianta reclamar de alguma situação, culpando alguem, pq isto eh a manifestação do carma ( ou o efeito da causa q fez no passado)

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  5. Haru, obrigado por comentar.
    Quanto aos aspectos da Religião Shinto, eu não conhecia essa parte do "paraiso". Na realidade em nenhum deles. Eu me ative mais a contar sobre os infernos. Por isso o Yomi e o Niraya no Budismo.

    Quanto ao Ragnarok, é mitologia nórdica mesmo Haru. Ragnarok é o fim do mundo segundo a mitologia nórdica. Ele vai começar quando o lobo gigante Fenrir se libertar das correntes mágicas que o prendem e abocanhar um pedaço do Sol. Então os monstros e gigantes, liderados pelo deus Embusteiro Loki, vão atacar o Valhala (morada dos Deuses) e nesse enfrentamento, todos vão morrer, deuses, homens, gigantes e a Yggdrasil, a arvore da vida que sustenta o céu. Só sobrarão um homem e uma mulher que se esconderão nas raizes da árvore e vão repovoar o mundo.
    O jogo, que você se refere é inspirado num quadrinho coreano, que foi inspirado na mitologia nórdica. ;)

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  6. ahmmm olha soh como eu sou ignorante kkkkkkkk xDD

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  7. Ah, finalmente algo do que sai algo a mais. Ahahah.

    Gostei muito do post e, por razões óbvias, foi meu post preferido até o momento, por lidar com a parte do inferno. Que na verdade é o meu interesse primordial na mitologia.

    Só gostaria de fazer um adendo, falando do Yomi e da cultura japonesa - duas coisas que gosto bastante. Yomi não é exatamente uma "pessoa" mas sim um lugar. É a palavra japonesa para submundo e de acordo com a mitologia xinto é aquele lugar que os mortos vão para apodrecer eternamente. Assim o Yomi pode ser comparado com o Hades e o Inferno.

    Algo interessante também é a maneira como as pessoas mais ouvem falar no Yomi: Izanagi (a primeira mulher) vai pra lá em uma lenda - ela então, morre - e o Izanami (primeiro homem) vai até lá pra salvá-la, mas não consegue. Na volta ele lava seu rosto, e desta lavagem é que surgem os três maiores deuses do Japão: Amaterasu, Susanoo e Tsukuyomi.

    Yomi assim é governado, na verdade, pela Izanami. O Yomi do Yu Yu então não é o Yomi em si, e acredito que seja na verdade mais associado ao Tsukuyomi, o deus da lua, embora eu não ache que tenha muito a ver também. O Makai (o inferno do Yu Yu) seria mais associado ao Yomi, mas aí muita coisa já foi misturada no anime, incluindo coisas do budismo.

    Um bom exemplo do Yomi, que é também associada às trevas e a perdição, é o Yomi que aparece no jogo Okami: Ele é o último obstáculo da Amaterasu, uma forma mecânica (contra a natureza) que representa tudo o que Amaterasu não é, ou seja, o mal e as trevas, justamente.

    Parabéns pelo post!

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