Meu amigos sabem, eu não sou fã de futebol.
Nunca fui. Na verdade eu padeci, em minha infância e adolescência, do mal de ser um verdadeiro perna de pau. Sempre fui o último a ser escolhido na hora de tirar o time. E sempre percebi o descontentamento de meus amigos ao me ter jogando no time deles.
Por essas e outras esse vírus patriótico que afeta os brasileiros a cada quatro anos não costuma me atingir. De qualquer maneira, não poderia deixar passar a oportunidade de aproveitar a interessante mistura desse caldeirão de culturas que é a Copa do Mundo.
E como não poderia deixar de ser, por essa copa já ser especial só pelo lugar em que está ocorrendo, resolvi dedicar essa quinta postagem a cultura da África do Sul, essa terra tão cheia de contrastes e peculiaridades.
As árvores somos...
Todos, que estiveram na escola nos últimos 60 anos, provavelmente já ouviram aquela velha historinha manjada de que o homem veio do macaco e que esse macaco habitava a África. Portanto, o homem é Africano. Bom, vou começar desmentindo essa idéia estapafúrdia.
COMO ASSIM!?

Ok, mas o que isso tem a ver com Copa? África do Sul? Bom, os mais antigos sítios arqueológicos do mundo estão lá. Foram encontrados alguns australopitecus (Essa simpática figura ai do lado), indícios de que nossos ancestrais já vagavam por grande parte do sul do continente.

Depois que nossos ancestrais começaram a ficar mais altos e independentes, eles se espalharam pelo mundo. Foram parar em tudo que é canto. Os que ficaram na mãe África foram se adaptando as condições climáticas que o lugar os impunha. Aos que ficaram nas regiões abaixo do Saara, e portanto sem contato intenso com aqueles que habitavam os continente vizinhos (Europa e Ásia) acabaram por desenvolver uma pele negra, adaptada ao calor e as condições do Sol na região. Mas esse isolamento não foi de maneira nenhuma por tempo suficiente para que uma nova espécie de homem se desenvolvesse. Tão pouco uma nova raça. São apenas pequenas variações. Mas que no futuro farão toda a diferença entre eles e os outros.
Uma pedaço de chão disputado a tapas!

Antes que os inquietos Europeus sonhassem com a existência da região, o lugar era a terra dos falantes da lingua Khoi-San (Sendo Khoi, um grupo étnico e San outro, mas que falavam línguas muito semelhantes, como, guardadas as devidas proporções um espanhol e um português). Os Khoisan são fisicamente diferentes dos futuros invasores. Eles possuem corpos mais delgados e pele mais clara. Seu modo de vida era nômade, não tinham o habito de criar animais de rebanho e viviam basicamente como caçadores e coletores nômades.
Mas eis que do norte, mais precisamente do que hoje são as regiões do centro da África, na região do Rio Niger, surgem os invasores. Eles são diferentes. São mais robustos, mais escuros. Eles sabem plantar a própria comida, eles sabem adestrar animais para comer depois e o mais importante. Eles tem armas de ferro. Os Bantu, originários do que hoje seria o Camarões e a Nigéria se espalharam por todo o centro e o sul da África numa longa e sucessiva onda de migrações, que provavelmente teve início com o advento da agricultura, por volta de 10000 a 6000 a.C. Conforme atingiam regiões de solo e clima mais propensos à agricultura, como o entorno do Rio Congo e dos grandes lagos africanos, essas populações Bantu cresciam exponencialmente a ponto de fundarem grandes aglomerados populacionais e em alguns casos, grandes civilizações, como a cidade conhecida como Grande Zimbabwe, capital do Grande Reino do Zimbabwe, que existiu por volta de 1250 a 1500 d.C. E cujas ruínas, os colonizadores europeus atribuíram a legiões perdidas de Roma. Esses europeus, não podiam aceitar a idéia de que um deles não estivesse metido em alguma coisa grande. De certo, quando Deus criou o Éden, deve ter pedido conselhos a um Europeu para colocar uma tal árvore maldita no centro do lugar.

Isso forçou os Bantu a migrar novamente. Dessa vez mais para o sul. Eis que eles chegaram a região que seria mais tarde batizada de África do Sul. Expulsaram logo os Khoisan que viviam ali e se instalaram formando dois grandes grupos étnicos: os Xhosa e os Zulu.
Isso ocorreria por volta do século XVI. O que significa que os Europeus já estavam a tempos se lançando ao oceano na busca alucinada pelo caminho sul até as Índias Orientais. Já tinha topado com a América e já conheciam o sul do continente africano. Não que se aventurassem muito por lá, afinal eles morriam de medo do continente. Mas a doença que eles carregavam no peito e que só poderia ser curada pelo ouro era mais forte do que qualquer medo que pudessem ter. O portuga Bartolomeu Dias foi o primeiro a cruzar o Cabo das Tormentas, o ponto mais austral da África. Diz a lenda que esse lugar era tão temido pelos navegadores que só os loucos ou os suicidas tentavam atravessá-lo.
Diz-se também que ele era habitado por um navio fantasma, um navegador aventureiro que se atreveu a desafiá-lo e que pagara um preço alto, a vida e a alma de sua tripulação. O nome do navio dele é Flying Dutchman (O Holândes Voador), figurinha carimbada nas histórias de pirata dos séculos XV ao XVIII, e recentemente do século XXI, nos dois últimos filmes da trilogia Piratas do Caribe, embora o capitão do Dutchman original não fosse retratado como meio cetáceo, meio homem e o nome dele não era Davy Jones, mas Van der Decken. A sina do Dutchman é vagar pelo oceano sem nunca voltar para casa até o dia do Juízo Final.
De qualquer modo os portugueses descobriram um jeito de enganar o Demo, cruzaram o Cabo das Tormentas e como que por mágica resolveram rebatizar o lugar para Cabo da Boa Esperança. Camões contaria essa história depois e imortalizar esses navegadores aventureiros na sua obra prima.

Acontece que...
No meio do caminho tinha um Zulu... Tinha um Zulu no meio do caminho.
Pois é. Os Zulus, povo guerreiro, não gostava nada daquela história de homens brancos tomarem as terras deles. E como eram maioria (e uma maioria violenta diga-se de passagem) os brancos morriam de medo de se meter a besta com eles.
O mais importante Rei Zulu é Shaka. A história dele é complicada. Filho criado com a mãe, ascendeu ao trono em condições contraditórias, mas com um senso de liderança nato, conduziu seu povo ao desenvolvimento, fundou uma religião organizada e derrotou os britânicos numa das mais fantásticas batalhas do século XIX. Usando facas e escudos contra mosquetes e rifles, e claro uma estratégia superior, Shaka mostrou aos brancos que não seria só por causa das armas que eles dominariam seu povo. Contudo, a história costuma ser contundente. Após um grande rei/rainha, seguem-se governantes medíocres ou indecisos que levam seu povo a ruína. Com os Zulus não foi diferente. Shaka manteve os brancos no gelo por um tempo.

Vão-se os Zulus, ficam-se os Xhosas...


A importância desse evento para a África do Sul é muito mais do que mostrar que o país mudou. Muito mais do que mostrar que o "terceiro mundo" já não é aquela boca do inferno de antigamente. É um símbolo e uma demonstração para o mundo de que não existe, nunca existiu e nem existirá distinção entre seres humanos que justifique a dominação de uns pelos outros e de que nem mesmo ódios ancestrais, podem mudar isso.

Viva a diversidade de culturas!
Viva a África do Sul!
aprendendo sempre ;)
ResponderExcluiruma sugestão de tema
outro dia estava vendo um documentario no canal jp NHK sobre "Senote". Uma caverna subterrânea imergida numa água incrivelmente cristalina, e os Maias acreditavam que ali viviam os Deuses da chuva. (Mas soh foi dito isso pq o foco do documentário foi de como surgiu esses senotes e tal) Já q vc eh um amante da história, seria legal explorar a cultura Maia q a proposito eh fantastica =)
Hehehe, Haru, pedir para falar sobre América pré colombiana é covardia. Obrigado pela sugestão. Vou abordar os Maias nos próximos posts.
ResponderExcluirAe, finalmente tomei vergonha na cara e apareci por aqui. Primeiro parabens pelo Blog, ele está realmente fantástico. Não sabia que a Africa do Sul tinha toda essa história, bastante interessante, ainda mais em saber que tinha gente louca o suficiente pra lutar contra armas de fogo no muque, mesmo que seja sec. XIX, hehe. Mas, realmente o apartheid foi triste, e pensar que o setimo anão tecnico de nossa seleção deu aquela entrevista vergonhosa.
ResponderExcluirEba!! Maias ! *_*
ResponderExcluir'DEUS FEZ O HOMEM, DEUS ABRIU O MAR VERMELHO E O POVO HEBREU PASSOU( A PRÓPRIA HISTÓRIA CONFIRMA )
ResponderExcluirE JESUS NÃO AGREDIU, NÃO HUMILHOU, SÓ FEZ O BEM PREGOU A VERDADE DE UM REINO ESPIRITUAL, E FOI MORTO CRUELMENTE EM UMA CRUZ!
SERÁ QUE TUDO ISSO OCORREU POR SERMOS APENAS HOMENS VINDO DO AR OU DA AGUA???
NÃO, NÃO TEMOS UM DEUS, UM DEUS ESPIRITUAL QUE IRA MUITO EM BREVE SE APRESNTAR AO MUNDO E TENHO CERTEZA QUE MUITOS QUE SEMPRE O BLASFEMARAM NAQUELE DIA , HORA E MOMENTO DIRÃO:" MEU DEUS OQUÊ EU FIZ AQUI NA TERRA PARA MERECER SEU PERDÃO?"